terça-feira, 29 de novembro de 2016

Engº Potibus: Nem sempre a tragédia é anunciada

Com o acidente do avião da Chapecoense e consequente morte e invalidação de toda a equipe do clube, naturalmente nasce a investigação do que deu errado durante o voo, além de emergir motivos e motivações que levaram ao acidente, ainda que a morte de quase todo o elenco do time e da comissão técnica entristeça o Brasil, familiares e torcedores.
A tragédia com o time de Chapecoense, na véspera do primeiro jogo da final da Sul-Americanas, não só entristeceu os torcedores como também nos faz refletir da impotância da segurança ao fazermos a viagem. O time, praticamente dizimado, voou em uma companhia aérea que era especializada em transportar clubes famosos da América do Sul para realização dos jogos no continente.


As vezes, nem toda empresa especializada para transportar uma categoria específica de passageiros pode oferecer condições seguras aos passageiros. Diversas variáveis são levadas em consideração para que tenhamos um bom índice de segurança, entre eles a saúde financeira da empresa, treinamento dos empregados, manutenção da frota e entre outras variáveis.

Em ônibus, isso não é diferente. Temos diversos acidentes de ônibus quando há falhas de um desses itens. Há também empresas que tem registros chocantes de acidentes com mortes, muitas delas são de fretamento ou empresas com dificuldades financeiras. As vezes, essas empresas, para tentar "se erguer", cortam muitos investimentos, entre eles com treinamento de motoristas ou até mesmo manutenção da frota. E o índice de segurança, obviamente, é reduzido.

Muitas vezes, motoristas alegam que "o freio falhou", quando sai vivo do acidente. E muitas vezes, é ele que é responsabilizado pela tragédia, devido ignorância da opinião pública, ou até mesmo por parte de certas empresas, para tentar se eximir de certas responsabilidades. Nem sempre o dito equipamento falha. As vezes, há diversos fatores que levam ao grave acidente e consequentemente morte de passageiros, se ocorrer.

Os fatores que levam acidente são: sonolência, estresse, elevada jornada, quando envolver fatores humanos, ou problemas no veículo, dessa vez quando envolve o veículo. As vezes, nem um nem outro, mas há um terceiro fator que leva acidente. E realmente, um deles, com grande número de mortes, não foi causado pelo veículo nem pelo motoristas, mas por condições das estradas. O motorista, tentando desviar buracos, levou o ônibus ao açude, matando todos a bordo, mesmo com o veículo com manutenção em dia e motorista com condições de dirigir.

Logo, a tragédia é ou não anunciada. Depende e muito das circunstâncias, entre elas histórico da empresa ou até mesmo a saúde financeira da empresa. Pode também termos tragédias em situações em que empresas, mesmo com boas condições operacionais, sejam graves. E, infelizmente, a empresa que o Chapecoense contratou tinha diversos problemas financeiros, o que comprometia o índice de segurança.

É muito fácil estar sentado aqui, de frente ao computador ou de qualquer outro dispositivo dizer que "no lugar do piloto, faria tudo diferente", mas na verdade, eles estavam fazendo tudo o que tinham no alcance. Ainda mais quando o motorista, preste a sofrer acidente, estava fazendo tudo o que tem ao seu alcance, ainda que a empresa mal ofereça alguma condição para a dura jornada de trabalho.

Logo, nem toda tragédia é anunciada. Muitas vezes, ela acontece a partir da mão pesada e invisível do destino.

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